13 junho, 2013

Sentimentos que machucam


     Ela odiou tudo naquele momento. Odiou a si mesma por deixar tal coisa acontecer, por ser demasiada fraca e deixar que um sentimento tolo, porém tão intenso ultrapassasse barreiras e chegasse ao seu coração. Odiou o mundo, por ser tão injusto, por ser tão difícil, viver significa bem mais do que apenas existir. Odiou as pessoas por serem tão falsas e ingratas, por a fazerem acreditar em uma coisa que desde o começo sabia que não iria dar certo, mas alguém estava lá para segurar sua mão e dizer que ia ficar tudo bem, ela odiava tanto isso, essa coisa de iludir alguém com “vai ficar tudo bem” sendo que ela sabe que não vai ficar. Odiou os móveis que insistiam em ficar em seu caminho para não explodir, odiou o tempo que teimava em colocar um sol lindo e brilhante no céu para as pessoas aproveitarem sem nem ao menos perceber que ela estava sombria por dentro, odiou a escola que insistia em continuar funcionando como se nada estivesse acontecendo, odiou os problemas alheios por existirem e te obrigarem a se preocupar, mesmo que os problemas dela fossem bem maiores que aqueles, bem mais intensos, bem mais complicados. Odiou as semanas, os dias, as horas que continuavam passando, o tempo continuava correndo como se tudo ainda tivesse normal, como se mesmo com o tempo ela não estivesse parada no mesmo lugar, imóvel, sem regredir e muito menos progredir. Odiou o poder que as outras pessoas pareciam ter e ela não, como alguém poderia ser incapaz de cuidar da própria vida? Mas ela conseguira fazer isso consigo mesma, as coisas estavam fora de controle e na opinião dela a única culpada ela era mesma. Não importava se ela queria apenas sentir algo diferente uma única vez, não importava que ela resolvera tentar porque alguém passou esperança a ela, não importava o fato de que ela queria apenas mudar ao menos uma vez em sua vida, sair daquela bolha que insistia em bloqueá-la diante de outras pessoas e principalmente, outros sentimentos.
Mas o que ela mais odiou naquele momento foi ter sido fraca, a odiou por saber que existiam coisas dentro dela - como coragem, força, loucura, curiosidade, o poder se arriscar - que ela simplesmente os empurrou pro fundo dela, simplesmente a privou de viver algo maravilhoso, quando ela podia pegar tudo de bom que, por mais inacreditável que pode parecer, ela realmente tinha, quem sabe ainda tem? Mas ela não usou, ela se vê afundando em algo que não parece ter volta. Ela sente medo. Lá no fundo ela sabe que ainda tem força, se ela quiser ela consegue, mas infelizmente, ela está tão quebrada que precisa de uma mão de alguém especial para ajuda-la, mas depois de tanta dor, como confiar em alguém novamente a ponto de incluí-la dessa maneira em sua vida?

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