20 janeiro, 2013

Naquele dia

     


     Naquele dia eu não acordei bem, que novidade! Já tinha desistido de tentar conversar com alguém sobre o que aconteceu, pois todos diziam sempre as mesmas coisas: Tudo passa! Para de frescura! Daqui a pouco você nem vai lembrar! No começo eu até acreditei, que burra! Mas o tempo foi passando, tentei parar com o que gostavam de chamar de frescura, mas me faltavam forças e ao contrário do que todos disseram, isso não passou e eu não esqueci. Quem poderia me julgar? Ninguém! Mas ninguém se importava se a própria vida estava um lixo ou um caos, era melhor, mais fácil e mais cômodo falar sobre mim e sobre o que tinha acontecido comigo.
     Naquele outro dia eu acordei sentindo uma dor que parecia infinita e o pior de tudo, era um dor totalmente desconhecido. Logo eu que já tinha sentido tantas diferentes dores, mas essa parecia insuportável. Diferente de todas as outras. Diferente da dor que senti quando você simplesmente se afastou sem dar explicações. Diferente daquela dor aguda que se instalou em meu peito quando abriu o jogo e disse que não dava mais, que queria seguir outro caminho em sua vida e que eu não estava incluída nela. Diferente da dor da perda, aquela que senti quando acordei no dia seguinte e tive que me convencer que não, não havia sido apenas um pesadelo horrível. Diferente da dor que fui obrigada a conviver todos os dias depois daquilo, dia após dia, mesmo ciente que era demais pra mim que querendo ou não, era apenas frágil. Diferente daquela dor que senti quando te vi um tempo depois do que aconteceu, você parecia ótimo, disposto, sorria enquanto eu continuava naquele mundinho triste, deprimente e sufocante que você me jogou. Era diferente de todas essas dores e de todas as outras que eu já enfrentei, logo você que estava ao meu lado quando todas elas me invadiram, quando você e eu era nós. Era diferente e eu já estava ciente de que não ia aguentar, talvez fosse porque eu não te tinha mais, talvez porque eu tenha ficado ainda mais frágil depois que você se foi ou talvez porque no momento que você virou as costas, levou tudo o que eu tinha, tudo que me fazia levantar depois de cada queda.
     E naquele outro dia eu simplesmente não acordei.

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